domingo, 19 de maio de 2013

Catarina Eufémia - 19 Maio 1954

Catarina Eufémia foi assassinada há 59 anos por pedir trabalho e pão.

"Quem viu morrer Catarina não perdoa a quem matou."

"No dia 19 de Maio de 1954, em plena época da ceifa do trigo, Catarina e mais treze outras ceifeiras foram reclamar do feitor da propriedade onde trabalhavam um aumento de dois escudos pela jornada.

As catorze mulheres foram suficientes para atemorizar o feitor que foi a Beja chamar o proprietário e a GNR.
Catarina, de vinte e seis anos de idade, grávida e mãe de três filhos, um dos quais, de oito meses, estava no seu colo no momento em que acabaria por ser baleada, fora escolhida pelas suas colegas para apresentar as suas reivindicações. A uma pergunta do tenente da guarda, de seu nome Carrajola, Catarina terá respondido que só queriam "trabalho e pão". Como resposta levou uma bofetada que a atirou ao chão. Ao levantar-se, terá dito: "Já agora mate-me." Sem hesitar, o assassino disparou então três balas à queima-roupa, pelas costas, com o cano da arma encostada ao corpo da vítima, que lhe estilhaçaram as vértebras, factos confirmados pela autópsia.

Segundo o "relatório" do comandante do posto da GNR local, datado de 1 de Novembro de 1960, "O povo de Baleizão era de “má índole". E Catarina Eufémia foi vítima do “automatismo” da pistola-metralhadora do tenente João Tomás Carrajola. Por razões meramente técnicas, “sem qualquer interferência do dito oficial”, a arma disparou-se e atingiu a camponesa, que nesse dia 19 de maio de 1954, na herdade do Olival, em Baleizão, desafiava um rancho de ceifeiras a abandonarem o trabalho, em protesto contra os baixos salários."

Para Salazar, os portugueses só eram um "povo de brandos costumes" quando comiam e calavam. Quando não tinham o que comer e reclamavam trabalho, afinal eram um "povo de má índole". Que era preciso reprimir e silenciar. Com a prisão, a tortura ou mesmo o assassinato puro e duro (com armas que disparavam por si?)."




Documento oficial da GNR



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